O Movimento SINDICALISMO MILITANTE repudia a truculência e as arbitrariedades cometidas pela Secretaria Estadual de Educação do Rio de Janeiro e apresenta seu total e irrestrito apoio ao reconhecimento do processo eleitoral realizado pela comunidade escolar do Instituto de Educação Rangel Pestana, em Nova Iguaçu.
Direção é CARGO DE CONFIANÇA DA COMUNIDADE ESCOLAR!
Pelo reconhecimento do processo eleitoral realizado e da escolha feita pela comunidade escolar!
Rio de Janeiro, 17 de julho de
2012.
Histórico de luta do Instituto de
Educação Rangel Pestana (IERP)
Esta luta
começa no dia 31/05/2012, quando a nossa diretora – eleita pela comunidade
escolar – foi chamada após às 19h para comparecer à coordenadoria e tomar
ciência de sua exoneração (que seria ratifica no Diário Oficial de 01/06/2012)
pela suposta falta de entrega do Censo Escolar/2011, o que já foi provado ser
um motivo inexistente. A partir deste momento, o Instituto de Educação Rangel
Pestana mostrou uma força incalculável para que sua vontade fosse aceita: o
direito de ter um(a) diretor(a) eleito(a) pela comunidade escolar!
Houve
manifestações no pátio da escola, na coordenadoria, no calçadão de Nova Iguaçu
(uma das ruas centrais do município), em frente à Secretaria Estadual de
Educação / RJ (SEEDUC). Ah! A SEEDUC... Neste local, onde deveriam estar e
permanecer pessoas voltadas para a educação pública de qualidade, que se
realiza por meio do diálogo e do reconhecimento do outro, foi lá onde
professores da instituição (que realmente merecem ser chamados como tal)
ouviram as mais diversas barbaridades e ameaças! Lá ouvimos que as
manifestações realizadas não importavam, sabe por quê? Porque a comunidade escolar não importa e o que vale é a caneta, que
põe e dispõe a bel prazer (segundo a fala dos representantes da Secretaria
Estadual). Assim com a desculpa de que o concurso para diretor seria a
forma mais adequada para selecionar os dirigentes de uma escola (concurso esse
que possui avaliações eliminatórias muito subjetivas, a última etapa do
processo é uma entrevista onde é avaliado o perfil do candidato, e este perfil
não é identificado em local nenhum), a SEEDUC tenta desmerecer cada vez mais a
comunidade escolar.
Foi neste
clima tenso, por mais de um mês, que a escola ficou sem direção geral. No dia
04/07/2012 chegou ao IERP um diretor geral interino, diretor este que não era
concursado (pré-requisito para o cargo, segundo a SEEDUC), concurso esse
que realizou sua primeira etapa no domingo, dia 15/07/2012. O interino, em
reunião com alunos e professores (assim que chegou à escola), falou
(confidenciou?) que faria sim esse concurso, que tiraria 1º lugar e que
escolheria o IERP para dirigir, trazendo mais dúvidas para o processo de
seleção.
A vinda deste
senhor causou tanto alvoroço na escola que a SEEDUC enviou o Sr. Paulo
Fortunato (Superintendente de Gestão), e com ele ameaças veladas e ameaças diretas.
A escola decidiu gritar! Realizou eleições para diretor! A comunidade escolar
organizou, preparou, se mobilizou para um dos atos mais democráticos que há. E
o que os representantes de um governo eleito fizeram? Ameaçaram! Queriam nomes,
matrículas, queriam delações... E o que fizemos? Cada vez mais unidos, mantivemos
nosso propósito de educar, formar cidadãos críticos e políticos. Fizemos debate
e tivemos a ilustre presença do Sr.
Fortunato, tentando amedrontar com sua aparição. Todavia, novamente não obteve êxito.
A eleição foi marcada para os dias 12 e 13 de julho. No dia 11/07 um membro da
SEEDUC avisou que seríamos pulverizados se houvesse um voto na urna, sabe
quantos houve? Mais de 1.300 votos! Temos
um professor da instituição eleito pela comunidade escolar!
No dia 13/07
(sexta-feira 13), tivemos mais uma visita
ilustre, demonstrando a força do nosso movimento e das nossas ações, iria ao
IERP uma comitiva da SEEDUC, estando presente o subsecretário de educação, Sr.
Antônio. Gentil, cordial, simpático disse tudo o que o superintendente de
gestão falou, mas com um sorriso nos lábios. O foco da nossa luta, agora, é o
reconhecimento do nosso diretor eleito em pleito legítimo, mas (ainda) não
legal.
Pensando nesta
luta, os professores, funcionários e estudantes organizaram atividades para o
período de recesso, para não esquecerem que também fazemos parte da escola, que
somos a escola. Esta ocupação foi feita na 2ª feira (16/07) com a participação
da comunidade escolar. Mas, como incomodamos bastante... Hoje, tivemos uma
surpresa: o corpo docente e discente NÃO pôde entrar e permanecer no IERP.
Os portões da escola estão fechados e protegidos, assim como os ouvidos e a boa
vontade da Secretaria Estadual de Educação/RJ.
Este relato tem
a intenção de obtermos apoio de todos que se comprometem com a educação e que sabem
seu valor, como também para incentivar um movimento de onda, onde todas as
escolas estaduais se animem a fazer eleições de seus diretores para mostrarmos
nossa força. Serve para avaliarmos, com muita criticidade, a postura do atual
governo! Por que numa escola não se pode votar, aprender a votar, a analisar
propostas, a vivenciar uma boa escolha e o seu inverso, perceber que a maioria
(o povo) seleciona quem deve ou não representá-lo e se isso não for realizado
da forma prometida, o escolhido pode ser destituído de tal função. Por que essa
postura dos nossos governantes que, por acaso, foram eleitos por meio dos
votos?
Chamo a atenção para outro fato, o IERP é
uma escola de formação de professores, servimos de exemplo para os futuros
professores! Se há queixas da inércia da classe, temos que enaltecer tal
processo de resistência para fortalecermos as futuras lutas. Assim, teremos
professores não só para reproduzir conteúdo, mas sim para formar pessoas com
propósitos de pensamento coletivo.
Relato enviado pela Professora Carla Ramalho (Educação Física).
Confira também a notícia na página do Sindicato Estadual dos Profissionais da Educação: