Em um momento
onde acompanhamos o movimento histórico d@s professor@s do município do Rio de
Janeiro, a grande greve que vem sendo realizada pel@s companheir@s do Estado do
Rio de Janeiro, além dos diversos movimentos que ocorrem, com menos destaque na
mídia, mas não sendo menos importantes, como Belford Roxo, Queimados, Macaé,
Duque de Caxias, é possível nos perguntarmos sobre a cidade de Nova Iguaçu?
Qual o seu lugar nessas lutas?
Após um
primeiro semestre intenso, de muitas lutas, paralisações, e inclusive a
realização de uma greve, que mobilizou grande parte d@s Educador@s da rede
municipal, acompanhamos um momento em que as lutas não estão tão acirradas, e
há uma grande dificuldade de mobilizar a categoria novamente. Se no período da
greve, e no que a antecedeu, realizávamos Assembleias com paralisações contando
com 200, 300 pessoas, nas últimas quatro Assembleias a que mais encheu teve 35
pessoas, contando com os membros da direção do SEPE. Por que isso?
Em primeiro
lugar, a maior parcela de culpa está na estratégia adotada pela Direção do SEPE
durante o período em que as mobilizações estiveram mais acentuadas e culminaram
na greve. Ao invés de colocar a prefeitura em xeque e realizar uma grande
pressão, preferiu-se acatar os prazos e confiar nas promessas do Prefeito e da
Secretária de Educação, e chegar às Assembleias propalando a grande vitória do
movimento sem obter nada de concreto. Só para constar, a greve foi aprovada em
uma sexta-feira; e na quarta-feira da semana seguinte, a direção do SEPE já
realizava propostas de saída da greve, julgando que apenas o fato de o Prefeito
Bornier ter se sentado à mesa para iniciar as negociações já havia sido a
grande vitória do movimento. Forneceram-se prazos enormes para a equipe da
prefeitura, como mais de um mês para estudos sobre quase todas as pautas, não
houve publicização de nenhuma daquelas que seria uma vitória imediata em Diário
Oficial, e isso acabou por consumar a tragédia anunciada. Com isso, uma semana
depois, o movimento, em uma votação extremamente confusa, sai da greve sem
obter nenhuma vitória concreta, e na semana seguinte, vê, na Câmara de
Vereadores, a perda de uma vitória histórica, a possibilidade de Eleição dos
Diretores.
Em segundo
lugar, vemos a estratégia da própria prefeitura. No momento de ascensão das
lutas, o Prefeito, assim como os demais governos do PMDB no Rio de Janeiro,
anuncia a reposição de 7% para todo o funcionalismo público, obviamente em um
sentido de cala-boca para a crescente insatisfação dos servidores, e, sobretudo,
dos educadores, a categoria mais atuante no período. Em seguida, há o processo
de troca na chefia da Secretaria de Educação, onde saiu um secretário mais
disposto a negociar, e menos habilidoso politicamente, e entra uma Secretária
muito mais experiente, e professora da rede há anos. Nesse processo de troca,
vemos inúmeras entrevistas da Secretária, anunciando as melhorias da rede, e
pedindo paciência para os professores, que as demandas seriam atendidas
gradualmente. Ademais, com relação à eleição dos diretores, tanto o Prefeito
quanto a Secretária de Educação, se colocam contrários ao fim da Eleição dos
Diretores, mas o chefe do Governo na câmara, que foi o autor da proposta, não
arquiva a proposta, sendo mais uma jogada política, porquanto seria a Câmara que
teria os poderes de aprovar, ou não, a Lei, ainda que houvesse veto do
Prefeito, como houve, e, assim, ele sairia “bem na fita”, como um paladino da
democracia, o que sabemos que não é.
Em terceiro e
último lugar, vemos as coisas “estranhas” que têm acontecido no seio da direção
do SEPE. Por exemplo, a ausência de grande parte dos Diretores do Sindicato nas
Assembleias, em uma clara tentativa de boicote à campanha de (re)mobilização da
Educação; a sabotagem da página do SEPE de Nova Iguaçu, que inclusive foi parar
em investigações na Política, colocando dados errados no site do sindicato,
datas e locais errados de Assembleia, uma sabotagem, de fato, para prejudicar o
movimento; Diretores que atropelam as decisões da Assembleia, como o caso do
CONAE, onde foi deliberada em Assembleia, que o SEPE não iria participar do
Teatro estabelecido, e vemos diretores que participaram e enviaram seus nomes
como representação dos professores da rede, inclusive como Comissão
Organizadora. Por último, após a deliberação do congelamento das paralisações,
que, diga-se de passagem, foi uma tentativa de recurso colocada pela terceira
Assembleia seguida, pelo mesmo diretor, a realização de uma Reunião com o
Prefeito e a Secretária com apenas um Diretor do SEPE, onde são prometidas
realizações das promessas feitas ainda na greve, e que não há ainda nem uma
perspectiva de oficialização.
Sendo assim,
após a perda da Eleição dos Diretores, e com a publicação no Diário Oficial da
revisão do PCCS articulando-o a elementos de avaliação de desempenho e
cumprimento de metas, uma clara cópia das políticas meritocráticas adotadas no
Estado e Município do Rio de Janeiro, que culminaram nesse processo de greve,
torna-se fundamental a retomada da mobilização, não apenas dos professores, mas
de todos os profissionais da Educação da rede municipal de Nova Iguaçu.
Todavia, na concepção do Movimento Sindicalismo Militante, esse processo não
pode ser realizado de cima para baixo, ou no Gabinete do Prefeito e da
Secretária de Educação, como a direção do SEPE tem feito, mas na base,
dialogando com os professores, botando a prefeitura em contradição para a
própria população, expondo as condições precárias de trabalho a que nós e os
alunos somos submetidos, e as recentes tentativas de golpes, que vêm para
prejudicar ainda mais a educação de Nova Iguaçu, retirando o pouco de autonomia
que ainda temos para trabalhar.