O ano de 2013 já está marcado na história
das lutas no Rio de Janeiro. Nossa greve, que nos inseriu no quadro aberto com
as mobilizações de junho e julho, enfrentou com muita disposição e coragem os
ataques de Sérgio Cabral e Eduardo Paes – aliados de Dilma Rousseff na tríade
inimiga da Educação Pública. Duas grandes passeatas, com dezenas de milhares
nas ruas, demonstraram que temos o apoio maciço da população.
Ressaltamos a importância de retomarmos
nosso espírito de lutas coletivas após quase duas décadas sem uma greve. A
categoria deu exemplo e não abaixou a cabeça para as ameaças de corte de ponto,
demissões, ilegalidade da greve etc. Pelo contrário, de cabeça erguida,
enfrentou inclusive a violência da Polícia Militar. As ocupações do 13º andar
da Prefeitura e da Câmara de Vereadores apontaram caminhos de radicalização
importantes. O alvo principal do nosso enfrentamento é o Executivo; o trabalho
de base com as passadas em escolas e Assembleias regionais poderiam ter sido
ainda mais fortalecidos.
Por conta da força de nossa greve e da
conjuntura radicalizada, o Supremo Tribunal Federal convocou a audiência de
conciliação no dia 22/10. Se sabemos o caráter da Justiça num Estado burguês,
era claro que não poderíamos depositar confiança de resolução da nossa greve na
reunião. E, diante do ocorrido, é preciso apontar firmemente os absurdos e
inaceitáveis problemas cometidos pela direção do SEPE! Por que levar uma
caravana de cinco ônibus e não realizar manifestação? Por que, numa primeira
audiência de conciliação, a direção assinou um documento que aponta o
compromisso de encerramento da greve na Assembleia em vez de trazer para a
categoria discutir? Se nossa decisão era discutir reposição apenas depois de
terminar a greve, por que a direção do SEPE assinou um documento que aponta
diretrizes para tal? O “acordo” nos coloca a “faca no pescoço”, chantageia para
terminar a greve, mas fornece ainda mais prazo para a Prefeitura discutir
pontos cruciais de nossa jornada de trabalho, da realidade pedagógica e das
condições de trabalho em nossas Unidades Escolares!
Não temos dúvida de que tivemos avanços
nessa greve, mas temos ainda mais certeza de que houve grande vacilação por
parte da direção do SEPE num momento crucial, que toma como grande vitória o
fato de não termos corte de ponto nem inquéritos administrativos e posa sob o
manto do “democratismo” ao dizer que a categoria vai decidir os rumos em
Assembleia depois de chegar com o “fato consumado” do documento assinado em
Brasília.
Diante desse quadro, é o momento de nos
perguntarmos: teríamos força para conquistar mais? Na avaliação do Movimento Sindicalismo Militante, TEMOS
essa força! A adesão à greve é ainda bastante significativa. Há pesquisas que
apontam que 86% da população apoia a nossa luta. Pais e responsáveis retomam a
Associação para ser mais um instrumento de luta em defesa da escola pública! É
durante a greve a nossa possibilidade de nos reunirmos e nos formarmos
coletivamente. Eduardo Paes e Claudia Costin foram desmascarados e ainda
precisamos combater mais fortemente a meritocracia! Precisamos derrubar o Plano
aprovado na Câmara e conquistar o nosso! Outras categorias despontam para a
mobilização e podemos articular lutas conjuntas! Enfim, consideramos que ainda
há muito fôlego para a luta e é importante que saiamos da greve com ainda mais
conquistas concretas. Nossa luta é exemplo para diversas outras redes e os
holofotes internacionais estão voltados para a “capital dos megaeventos
esportivos”. Se a direção diz que o momento é de ceder, defendemos em alto e
bom tom: VAMOS LUTAR! A GREVE CONTINUA! PREFEITO, A CULPA É TUA!
Uma categoria gigantesca que faz uma greve histórica, não vista há 20 anos, greve esta que extravasa os limites das reivindicações e leva a população as ruas aos pedidos da própria categoria; que através das manifestações consegue desvelar a máscara ditatorial do estado e levantar o debate mais necessário dos últimos tempos; que sofre prisões políticas e que sofre violência da Polícia, só vista antes na ditadura, a mesma ditadura que a categoria cansa de criticar nas salas de aula em que trabalha; e que surpreendentemente recua às ameaças do estado sem ter conquistado praticamente NADA das reivindicações iniciais...
ResponderExcluirA esta categoria, que agora se acovarda, que inflou o peito pra pedir a população, aos alunos, aos pais para apoiá-la, que pediu para os lutadores das ruas se meterem na frente de ação contra a polícia repressora de Cabral, que pediu pra favela já tão cambaleada descer em sua defesa (e valentemente desceu), enfim, a esta categoria proponho um novo canto, um novo hino, um novo grito de guerra:
A gente não sabemos
Escolher presidente
A gente não sabemos
Tomar conta da gente
A gente não sabemos
Nem escovar os dente
Tem gringo pensando
Que nóis é indigente...
(...)
A gente faz música
E não consegue gravar
A gente escreve livro
E não consegue publicar
A gente escreve peça
E não consegue encenar
A gente joga bola
E não consegue ganhar...
Inútil!
A gente somos inútil!
Inútil!
A gente somos inútil!
Esse movimento militante de esquerda que vocês promovem apenas prejudica e educação e promove Cabral.
ResponderExcluir